Saturday, August 14, 2004

Ontem estive a ler um texto da Clara Pinto Correia que, logo à partida me despertou um enorme interesse pelo seu título original... " A Dádiva do Toque ". Realmente o " toque " é uma dádiva importante. Quantas pessoas passam uma vida sem nunca sentirem um carinho de alguém, um beijinho como nos refere o texto, um abraço ou uma carícia de outra pessoa ? Não estou aqui para falar de sexualidade mas sim de afectos... Porque será tão estranho ou incómodo, ou ambos, para tanta gente o poder receber um afecto de outra pessoa ? E porque se sentirão tão incomodadas as pessoas de os receber ? Porque haverá a vergonha do ridículo ? O medo do gozo ? Será por demonstrar mais fragilidade ? Mais exposição face a terceiros ?
Na realidade qual é o verdadeiro problema em se ser tocado ? Em sentir um afecto ? Existe tanto preconceito ( palavra que lamento a quem leia isto, mas dá-me vómitos ) em relação a tanta coisa, agora também tem e haver preconceito em relação aos afectos ? Não posso eu gostar de ver uma amiga ou um amigo meu e cumprimentar a pessoa com um beijo ou um abraço ? O que será que deixa as pessoas tão incomodadas com as demonstrações de afecto, de carinho ou de proximidade e cumplicidade entre dois seres ? Acho que num pequeno texto nunca deixei tantas questões, mas de facto este é um assunto que me perturba ! Enfim.... não direi perturbar, mas de facto suscita-me curiosidade. Nasci e fui educado num meio familiar extremamente forte, onde desde pequeno tive o hábito ( se calhar estúpido ou estranho para muitos que leiam isto ) de cumprimentar os meus familiares com dois beijos quando os encontro e outros dois quando me despeço, e isto serve também para as minhas amizades mais próximas, porque há também uma cumplicidade maior com algumas pessoas fora do seio familiar. Agora pergunto eu, é assim tão fora do normal que tenha este hábito ? E se é, então qual os motivos ? Alguém mos explica ? É que sinceramente dava jeito ! Muito por acaso, porque gosto de ficar a par das novas tendências, mesmo que não as vá adoptar para o meu modo de vida ! A informação nunca ocupa lugar !
Aos que me são próximos dois beijos, aos outros um aperto de mão... sim, até mesmo àqueles que se repugnam com um cumprimento mais pessoal... Afinal de contas também são filhos de Deus.... ou de alguém.... sabe-se lá !

3 comments:

Anonymous said...

Iniciarei este meu comentário, dando graças e as minhas sinceras congratulações ao autor deste texto. De forma elaborada e concisa, conseguiu projectar no meio de tantas perguntas retóricas um conjunto de verdades que todos nós sabemos existir na nossa sociedade.
Ao lêr este texto, fez-me pensar que realmente, as pessoas hoje em dia, mal dizem daquelas que se cumprimentam, até parece que é um acto condenável cumprimentarmos um amigo, familar ou alguém mais próximo com um beijo.
Quem critica estes actos, são pessoas ignorantes e insensíveis, pois não têm o mínimo de respeito e educação.
Desde sempre se cumprimenta, os outros com dois beijos. Temos a época de Jeus Cristo, que cumprimentava todos os que o rodeavam com dois beijos na face.
Quem não gosta de receber afectos? Todos nós! Quem disser o contrário, estará a mentir, pois até mesmo o coração mais "frio", se derrete ao toque de uma mão, ao simples deslizar dos lábios durante um beijo.
Se dar e receber afectos é ser-se fraco, então eu orgulho-me de ser um fraco. Sim um fraco, que gosta de dar e receber carinhos, a quem me criticar eu apenas direi que não sabe o que perde. Pois nada há melhor que uma demonstração de amor.
Termino este comentário, com uma pergunta. O que será deste mundo já enfadanho, se não existir afectos?

Mais uma vez, parabens pelo belo texto, abraços.

Poeta 14/08/2004

Paulo Peralta said...

Isto é que foi gostar do meu post... foram logo 3 comentários e exactamente iguais !! Foi o reforço da opinião ou foi mesmo por engano ? LOL ;)
Obrigado pelo(s) comentário(s) :)
Abraço

Anonymous said...

Aprendi muito