Monday, August 30, 2004


Apenas mais uma curiosidade quanto à Grécia, e ao que diz respeito aos supostos "pequenos países"... É curioso reparar como com boa vontade e empenho das pessoas se realizam grandes eventos... Pena é que sejam sempre enormemente criticados até estarem bem sucedidos no FINAL !!!
Será que há sempre uma vã necessidade de criticar e rebaixar o bom trabalho dos outros ?

Sunday, August 29, 2004

E lá chegam ao fim os Jogos Olímpicos de Atenas 2004. A primeira vez em 108 anos que os Olímpicos voltam à sua terra natal. Depois dos habituais medos que rodeiam os grandes eventos e acontecimentos mundiais, tudo correu bem nestes Olímpicos, e o medo do terrorismo nunca foi focado.
A nossa melhor prestação em Olímpicos, tendo conseguido 3 medalhas para os atletas Sérgio Paulinho, Francis Obikwelu e Rui Silva, e 10 diplomas de mérito, fizeram ao que parece elevar o espírito português mais um pouco.
Adeus Atenas 2004, Olá Pequim 2008
Adeus ? Ainda não.... tenham calma... A festa, espero, ainda não terminou !!! Iniciam-se brevemente os Jogos Paralímpicos em Atenas. Aqueles em que os atletas além de serem indivíduos com algum tipo de deficiência, e supostamente mais incapazes e com menos "qualidades", são ao mesmo tempo aqueles que mais brilham o espírito português, e que, ao mesmo tempo, passam mais despercebidos e completamente ignorados pelo nosso olhar. Tendo em conta que na última edição no ano 2000 em Sydney fomos dos países mais medalhados, à frente de muitas das grandes nações mundiais, seria se calhar de prestar mais atenção à prestação destes nossos compatriotas que habitualmente brindam o nosso país com glória. Pena é que seja glória esquecida ou ignorada.
Pena é também que estes atletas tenham de pôr anúncios na imprensa a pedir dinheiro para poderem viajar e brincar-nos com os seus feitos, e em pouco ou nada serem apoiados por Portugal, que por acaso, só por acaso, é o país que representam e o que vê a sua bandeira subir no mastro e ouve tocar o seu hino vezes a fim. Pena é que alguns dos cidadãos deste país só o sejam depois de serem reconhecidos pelos outros e no estrangeiro.
Força à delegação portuguesa nos Jogos Paralímpicos de Atenas 2004, e que tragam muitas medalhas, acima de tudo para a SUA glória e consagração.

Thursday, August 26, 2004


Para a minha primeira imagem no blog não podia escolher nada mais do que uma das minhas actrizes preferidas. Além da sua beleza, quem a viu no filme Malena de Giuseppe Tornatore perceberá MUITO BEM o que quero dizer... Cá vos deixo.... Monica Bellucci

Wednesday, August 25, 2004

Vamos lá a ver se é desta que vou ser finalmente criticado...
A palavra eutanasia vem do grego, Eu = Boa e Tanathos = morte, então: Eutanasia = "Boa morte". Não confundir isto portanto, com significados mais duvidosos a que esta palavra foi associada, tais como as supostas eutanásias perpetradas durante o período conturbado a que a Europa assitiu durante a década de 40, ou com a ridícula intenção de muitos de associar a eutanásia àqueles que por qualquer motivo querem cometer suicídio e se aproveitam para reclamar o direito à eutanásia.
Do que venho aqui falar, é apenas e só, o direito a que um cidadão tem de reclamar para si a " boa morte " assistida, acompanhada e digna.
A questão aqui que minimamente preocupa é apenas uma. Qual o motivo que leva a grande maioria das classes dirigentes, e aquelas que podem de facto determinar a legalidade da eutanásia, estarem rigorasamente contra a legalização deste acto ? Não falamos nós na dignidade de um ser humano ? Alguém que quer ter tanta dignidade na morte como aquela que lhe foi conferida enquanto vivo ? E esse direito, o da dignidade, é extremamente importante, pois confere respeito próprio e exige-o aos demais para com a pessoa. E não é isso que todos nós em vida desejamos ? Obviamente que é !
Com que cara pode alguém olhar para um doente terminal, sem hipótese de recuperação, de lhe dizer " não o vou ajudar a morrer " ? Sim, porque não nos iludamos, ajudar a morrer, não matar, é tão importante como ajudar alguém a viver. Ou será que é também indiferente ajudar um indivíduo a viver ? Ajudar a trazer ao mundo, a ensinar os primeiros passos... As primeiras palavras... O primeiro dia de escola... A universidade... O primeiro emprego.... O Casamento... O primeiro filho... A reforma.... E a morte.... Não serão todas estas etapas da vida humana, e mais ainda pelo meio, todas de igual importância ? Não será direito ter assitência em todas elas ? Claro que é. Porque se a primeira é difícil, esse grau de dificuldade apenas aumenta com o passar do tempo, e para quem se sente fraca, debilitado e sem apoio, esse auxílio ou assistência são sempre um bem, um conforto...
Ou será preferível ter uma pessoa numa cama de hospital, a morrer aos poucos, a assistir à sua própria degradação física e psicológica até tudo parar ? E mesmo parando o cérebro, será ainda de manter um indivíduo vivo apenas com o coração a bater ? Sabendo à partida que nunca mais nada irá recuperar essa mesma pessoa ? Pois para mim não !
Já assisti, das poucas e raras vezes que, felizmente, entro num hospital, a algumas pessoas nessas condições degradantes, apenas e só por um grupo de médicos não concorda com a morte assistida. Com o ajudar a uma outra passagem de forma digna. Pessoas a quem já nem os seus familiares mais directos visitavam no hospital porque ou já não se interessavam, não suportavam ou simplesmente percebiam que aquele ser que ali estava já não era aquele que durante anos sem fim tinham visto como uma pessoa VIVA.
Defendi e defendo a legalização da eutanásia, como forma de ajudar um cidadão que morre de forma indigna e dolorosa a poder atenuar o seu sofrimento, bem como o sofrimento daqueles que o rodeiam. De mais forma alguma. Nunca como uma forma de suicídio. Apenas como uma forma atenuante para aqueles que sofrem sem hipótese de recuperação.
Defendo a sua legalização porque é aquilo que para mim desejo, caso me veja numa situação sem retorno e sem recuperação. A morte assistida. E aplaudo aqueles que tiveram coragem de a tornar uma medida legal, como por exemplo a Holanda, tendo pena que o meu país não me reconheça tal direito, se no dia de amanhã me acontecer algo que me incapacite, e que além de provocar o meu próprio sofrimento, o provoque também àqueles que me rodeiam.
Um abraço de força e coragem àqueles que infelizmente se têm de debater com estes problemas e situações.

Sunday, August 22, 2004

O sonho não é impossível. O sonho são os nossos desejos mais secretos. O sonho é o que nós desejamos, o que nós ansiamos, o que nós queremos e não confessamos.
É impossível deixar de sonhar, se a construção do nosso futuro depende daquilo que sonhamos.
O que seria se Da Vinci fosse impedido de sonhar ? Ou a Mandela ? Ou a tantos outros como eles que lutaram por um sonho ?
Será tão impossível deixar alguém sonhar ? Ou será que quem tenta impedir, mais não faz que tentar travar o outro de obter e alcançar, algo que sempre quis e nunca teve coragem de o reclamar ?
O problema maior será sonhar e desejar algo de novo, diferente e possivelmente melhor, ou será que o pior é não desejar nada e viver como mais um " amorfo " numa sociedade que já nos tráz tão pouco de novo e de refrescante que nos dê alento durante mais um dia ? O problema é não sonhar, não desejar, não querer, não ambicionar, não exigir, não revoltar... O problema, é quem vive num permanente não, e que com ele se conforma e encosta sem desejar, sem reclamar pela mudança, sem gritar pelo que se quer.
O problema é " morrer " antes do tempo, apenas como forma de não se deixar incomodar pelo que de novo se passa à volta.

Saturday, August 21, 2004

O que é que um indivíduo pode responder quando alguém lhe diz " Sê a minha voz " ? Além do facto de ficar estupefacto com um pedido destes, a reacção inicial seria não saber dizer não. Não que fosse esse o objectivo pretendido, mas, seria impossível, de facto, dizê-lo. O que leva alguém a pedi-lo ? O sentir-se preso ? O sentir-se sem representação ? O sentir-se amordaçado ? O que levou de facto essa pessoa a sentir a necessidade de o pedir a outra pessoa ? Que capacidades terá a outra pessoa que a tornem a " escolhida " para desempenhar o papel de representante de alguém ? Haverá a capacidade de o fazer e de o fazer correctamente ? É que de facto é complicado como é que alguém pode assumir a responsabilidade de ser o representante de qualquer outra pessoa, ao ponto de ser a sua " voz ". Posso dizer que a mim já mo pediram. Garanto e confesso que me senti sem dúvida aparvalhado, não há palavra melhor, e que ainda hoje não sei se desempenho bem esse cargo, mas faço o meu melhor, e faço por me aperfeiçoar.

Esta pequena apresentação, apenas como forma de vos dar um pouco mais de explicação sobre o motivo que me levou a criar um blog, como me foi perguntado pelo Carlo. Pediram-me para ser uma " voz ". A voz de alguém que não pode falar. A voz de alguém que foi proibída de o fazer. A voz de alguém que está impossibilitado de o fazer. Ou ser simplesmente uma voz. Uma voz independente, uma voz livre e sem necessidade de responder a alguém como forma de se justificar. Ser apenas e só uma VOZ. Comprometi-me com isso, e espero cumpri-lo sempre e em todos os lugares. Tento ser imparcial, dando apenas a minha opinião sobre um assunto, e não a opinião que se espera ouvir. Simplesmente a minha. Não espero concordâncias, não espero simpatias onde elas não são sentidas. Espero sim aquilo que se pensa e aquilo que se sente. Espero a honestidade. A sinceridade. A frontalidade. Espero aquilo que nos habituam aos poucos a não ter. Espero aquilo que muitos já perderam. Espero aquilo que vos vai pela alma. Espero tudo o que seja dito de dentro; tanto do coração como do cérebro. Espero a racionalidade tanto como a irracionalidade, mas espero acima de tudo que seja sincera. Tanto uma, como a outra. Não que seja programada.

Agradeço a TODOS as palavras que me têm dirigido, as mais positivas e as mais negativas. As mais livres e as mais tímidas. Aquelas que não dizem, mas especialmente aquelas palavras que dizem, e dessas as que dizem sem pensar. As que dizem espontâneamente.
A todos, simplesmente agradeço.

Thursday, August 19, 2004

Há precisamente um ano atrás eu escrevia este texto pela ocasião do brutal assassinato do diplomata Sérgio Vieira de Melo no Iraque, aquando da sua missão a cargo das Nações Unidas neste país. Um ano passado e vivendo num Mundo onde tudo se transforma para pior creio que o texto continua actual. E fica também aqui presente, a homenagem a este grande diplomata que perdeu a sua vida por acreditar e lutar na defesa e no respeito pelos Direitos Humanos.

19 de Agosto de 2003

Ao longo do nosso desenvolvimento como indivíduos, muitos são os exemplos que queremos seguir, seja a nível pessoal, como a nível profissional. Admiramos o que fazem, como fazem e quando o fazem, e esperamos que um dia seja esse também o nosso próprio modo de actuar ou de aplicar essa forma de encarar o Mundo à nossa própria, para também nós um dia deixarmos a nossa própria marca pessoal na área em que actuamos.
Entre outros, para mim Sérgio Vieira de Melo foi um desses exemplos. Tanto a nível pessoal, área que sempre soube manter afastada dos ecrãs, como especialmente a nível profissional, área que teve o privilégio de o ter como membro.
Ser capaz de estar colocado nas mais diversas áreas do Mundo sempre em situações críticas, e em que se vive permanentemente num estado de ansiedade, e mesmo assim manter uma postura profissional invejável é de facto um feito notável.
Não posso dizer que desde sempre acompanho o caminho deste diplomata, pois a primeira vez que tomei o seu conhecimento foi através do excelente trabalho a mando das Nações Unidas nos territórios da Ex-Jugoslávia, seguindo depois para um caso que ficou mais na memória colectiva portuguesa, como foi o caso de Timor, onde alcançou um magnífico desempenho como gestor de transição do território das mãos das Nações Unidas, para a independência daquele território.
Agora como Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, e responsável desta organização para o Iraque, chegou infelizmente a sua vida a um fim. Mais uma vez fica o Mundo, e todo o trabalho e empenho de um indivíduo que lutou pela liberdade e igualdade dos povos abalados pela barbárie daqueles que no reverso se empenham em ter e em viver ódio por aqueles que querem essa mesma liberdade.
Para vocês que lêem este texto, não sei se isto se baseou apenas em mais uma notícia sem importância, mais uma daquelas que enche um noticiário, já tão cheio de barbáries, que esta foi “apenas” mais uma a passar na televisão, numa sociedade onde já se passa tanto e de tão pouca qualidade que nem merece a nossa atenção reter mais uma notícia. Mas realmente para mim este é aquele tipo de informação que me perturba profundamente.
Perturba-me em primeiro lugar por ainda ser uma área, na qual eu acredito já se ter feito muito e ainda se poder fazer muito mais. A área dos Direitos Humanos, Minorias e Refugiados, que a si está implícita, é uma área que nunca poderá fechar, infelizmente, portas. É uma área em que todos nós temos de estar de olhos abertos e saber apontar o dedo por cada vez que vemos ( e vemos ) que esses mesmo Direitos de um indivíduo, comunidade, região ou país são ou estão a ser violados. Incomoda-me por ver que aqueles que estão encarregues de promover os interesses e Direitos daqueles que são perseguidos ou incomodados na sua livre expressão, têm sempre o seu caminho barrado por alguém. E esse alguém nunca usa as mesmas tácticas leais e legais de discordar daquilo que se faz. Em vez de dialogar, discute-se. Em vez de confrontar ideias, mata-se.
Isto sim, a mim incomoda-me, perturba-me e deixa o meu Mundo abalado. Espero sinceramente que deixe também o vosso, porque se for eu o único a pensar que isto é perturbante, então sim, ponho realmente em causa se vale a pena continuar a pensar que eu talvez não possa contribuir de alguma forma para o respeito daqueles que, sob os regimes totalitários e ditatoriais, não são respeitados, e são deslocados e desprovidos do respeito pelos seus direitos, sejam eles cristãos, islâmicos ou hebraicos. Europeus, Africanos ou Americanos.
Por isto, que a memória de Sérgio Vieira de Melo, e outros como ele, diplomatas ou não, viva de alguma forma nas memórias de vocês que lêem isto, e que como eu, ainda acreditam que é possível poder lutar pela defesa e respeito dos Direitos Humanos. Lutar pela Paz. Pelo pouco que valha o meu pedido, peço-vos que acreditem nisso, em memória dos que levantam a voz em defesa de outros, sem olhar para a cor da pele, para uma opção política, religiosa ou sexual, mas que olham sim para indivíduos.
É esse o legado e o contributo que Sérgio Vieira de Melo me deixou. Agradeço a todos a atenção para este meu desabafo.

Tuesday, August 17, 2004

Imagine

Imagine there's no heaven,
It's easy if you try,
No hell below us,
Above us only sky,

Imagine all the people
living for today...

Imagine there's no countries,
It isn’t hard to do,
Nothing to kill or die for,
No religion too,

Imagine all the people
living life in peace...

Imagine no possessions,
I wonder if you can,
No need for greed or hunger,
A brotherhood of man,

Imagine all the people
Sharing all the world...
You may say I’m a dreamer,
but I’m not the only one,
I hope some day you'll join us,
And the world will live as one.

Hoje através de mais uma pesquisa na net, encontrei a letra desta fantástica música do Sr. John Lennon. De facto tem uma letra fantástica e com muita verdade e sentido. Para quem já a ouviu então, conhece a sua verdadeira dimensão, que é de facto imensa. Quem viu o filme Terra Sangrenta de Roland Joffé, percebe perfeitamente o que grandiosa pode ser. E de facto, todo o ideal para que esta música nos transporta, ou pelo menos a mim, é enorme, tendo o seu único “problema” ser o ideal apenas para IMAGINE, visto que é bem mais importante manter um mundo onde “devemos” olha para o individuo do lado como uma ameaça para nós, e não como um outro ser humano. Manter a ilusão de ameaça é de facto, e infelizmente aquilo que as pessoas na verdade preferem manter e alimentar. Felizmente por outro lado, pessoas vão aparecendo que lá têm uma noção mais abrangente do Mundo e da sociedade que os rodeia. Caso com que me deparei momentos depois.
Depois de ter lido um comentário que tinham feito no meu blog, passei pelo site da UNHCR – ACNUR onde reparei na quantidade de notícias e documentos das actividades que aqueles que foram priviligiados com a atribuição do passaporte azul das Nações Unidas, tornando-se assim embaixadores da Boa Vontade. Um desses casos é o da embaixadora Anjelina Jolie que se desdobra em inúmeras campanhas de sensibilização para alertar os diversos governos mundiais para a condição em que obrigam muitos dos seus cidadãos a viver. Vejo através destes relatos que afinal existe quem se preocupa, e sabe da existência de locais tão distantes como o Cambodja ou Rwanda, e outros relativamente mais perto de nós portugueses como o caso do Kosovo. Locais que “pessoas” como o Presidente W. Bush, e provavelmente muitos como ele incluindo os grandes senhores da guerra, desconhecem que existem no mapa.
Finalmente seria de pedir aos meios de comunicação social que nos servem, nomeadamente os canais de televisão, para que em vez de passarem documentários e notícias rasca sobre a mais recente celebridade ( ou não ) do jet-set e as suas plásticas rejuvenescentes, começassem a emitir notícias a respeito destes acontecimentos que são muitos mais informativos sobre a realidade, do que as plásticas de mais uma pseudo-cidadã. Eu sei que para a “populaça” em geral é muito mais entusiasmante saber destas pessoas, das suas festas e das suas orgias em compras, mas peço que pensem nos outros “animaizinhos” nos quais eu me insiro e que têm outros gostos e preferências em termos informativos, afinal também somos pessoas.

Monday, August 16, 2004

E lá está... a mais recente crítica humana... " Paulo, tens um riso muito pouco próprio " ora... pergunto eu, o que é um riso pouco próprio ? A resposta não deixou de ser surpreendente se tiver em conta que um riso pouco próprio é pela própria definição da sua autora como sendo " um riso pouco diplomático e muito alto ". Presumo eu que isto se refira como uma gargalhada, mas como sou algo suspeito para falar sobre mim próprio deixarei a crítica para quem a faz. No entanto, porque não responder a ela ? É que lamento, mas se não responder, algo em mim vai massacrar-me durante a noite, e depois durmo mal. Se durmo mal, amanhã acordo com o cu virado para a lua como se costuma dizer, e se isso acontece passo um dia de mau humor. Passando um dia de mau humor, não darei por certo mais nenhum " riso pouco próprio " e como sabem alguns dos meus leitores.... Longe de mim perder uma oportunidade para chatear e incomodar uma qualquer pessoa ( esta seria a altura em que eu faria uma cara sarcástica se estivesse a olhar para alguém e não para o monitor ) com o dito riso impróprio. Ora vejamos... Rir... Por si só já é uma palavra bonita.. Rir, sorrir, gargalhada... Liberta energias, faz bem ao ânimo, exalta uma emoção, emana felicidade, contagia... Hmmm, eu sei que sou uma pessoa um tanto demente e que por vezes solto uma gargalhada mais estridente, mais sonora, mas qual o motivo de ver nisso uma falha e não uma qualidade ? É que para mim é uma qualidade. Lá estou eu a falar de uma qualidade minha ( ataquem agora mais esta ). Vejamos.. se a dou é porque estou bem disposto, ao estar bem disposto é porque a vida me corre bem, e como tal não tenho problemas. Quem ouve a dita gargalhada e vê a minha expressão demente também obrigatoriamente se ri, suscita inclusivé a curiosidade alheia para saber quais os motivos, despertando assim mais um sentido naqueles que por perto estão. Portanto, a meu ver, só tráz benefícios a todos os que respiram ar do mesmo espaço aéreo que eu. Ora se tráz benefícios a todos, então qual a verdadeira preocupação ? Expliquem-me como se eu fosse uma criança, ou seja, com linguagem simples e perceptível, porque sinceramente não vejo malefícios nenhuns.
Ou será que o verdadeiro, e talvez único, problema aqui seja o de haver alguém com um motivo para dar uma risada ou uma gargalhada, enquanto a maioria, ou pelo menos muitos, não têm um único motivo que seja para o fazer ? Se calhar é mais isso...
Também há aquele ditado que " rir é a música que Deus nos deu ", os mais religiosos podem pegar por aí, ou não, e justificar esta minha capacidade de emitir ruídos. Meus caros, pela parte que me diz respeito, dou liberdade total para as explicações e justificações, mas lembrem-se de me avisar primeiro para saber o que se passa realmente com tanto problema com a forma com que me rio.
Quanto ao facto de não ser diplomático... Mais uma vertente por onde não deviam ter pegado, visto que para diplomata vou eu, e o que tenho a dizer é que se os diplomatas, ou pelo menos alguns dos ditos, dessem mais gargalhadas estridentes se calhar assuntos desta natureza dita diplomática não estariam em tão maus lençóis. Ou será que para ser engraçado é preciso fazer como o Colin Powell e ir à Indonésia cantar o Only You ? É que se fôr... é só dizer... Não canto disto, mas sempre arranho uma tarantella ou um faduncho se estivr inspirado ! Isto é quase, leia-se QUASE, à vontade do freguês...
E com uma gargalhada bem esridente e ruídosa, daquelas que incomoda BASTANTE me despeço, esperando muito do fundo do meu pequeno mas grandioso coração ter incomodado alguns dos meus leiores. Ou não... Caso contrário.... temos pena...

Sunday, August 15, 2004

Pela primeira vez na vida vou confessar que estou a atravessar uma fase difícil na vida... sim, é verdade... Uma época de descoberta do Mundo que me rodeia, e das mentalidades que ele suporta todo o santo dia. Sim, aqui vai... Estou a atravessar o meu período de nojo... Aquele período em que tenho tão pouca paciência para algumas coisas, que só me dá vontade de gritar aos ouvidos de umas quantas pessoas para lhes fazer ver a sua imensa estupidez... O problema é que muito provavelmente nem me iriam ouvir... Aqui está.. Finalmente consegui admiti-lo !
Ao conversar com um grupo de amigos sobre cinema, tive a " ousadia " de referir uns quantos títulos de filmes que até hoje me tinham satisfeito as medidas e o prazer de perder duas horas frente a um ecrã de televisão. Até aqui tudo bem, não fosse eu referir que alguns desses filmes são por exemplo Thelma & Louise, de Ridley Scott ou Malena, de Giuseppe Tornatore.
Até aqui tudo bem, porque, no preciso momento em que falo nestes filmes, ora uns não conheciam, ora outros os classificaram imediatamente como, e passo a citar, " filmes de gaja "... Ora... pergunto eu o que é um filme de gaja ? Resposta imediata: " um filme meloso e que é para pôr as pessoas a chorar ".. Resumindo, um filme para gajo não lhe pode dar qualquer tipo de sentimento, a não ser sentimentos provocados por o explodir de uma granada, e o qual dê para emborcar uma bejeca e comer uns torresmos... Eh pá... Peço desculpa àqueles que gostam de Chuck Norris e histórias de Desaparecido em Combate ( e as suas três mil continuações e sequelas ), mas sinceramente e correndo o risco de ficar mal, eu prefiro perder as minhas duas horas a ver algo que me deixe algum tipo de conteúdo e onde possa refletir sobre algo e deslumbrar-me com os desempenhos de bons actores, e não com o desempenho do último modelo de equipamento militar... Ora agora... já com tantas etiquetas que todo o santo dia temos de nos sujeitar, ou não, a ver neste mundo, agora elas chegam também ao cinema que consumimos... Vamos lá ver, que uma pessoa não goste de um determinado tipo de filme, até aceito, pois não podemos gostar todos do mesmo, agora daí a determinado cinema ser " cinema de gaja ", vai uma pequena GRANDE distância. Não peço que concordem comigo, mas ao menos sigam a máxima do " vive e deixa viver "...
Pessoalmente ignoro.. ou tento... vejo um pouco de tudo, ou quase, e vou retendo aquilo que para mim é de qualidade. Se à vista e à mentalidade dos demais é de "gaja" ou de "gajo"... enfim... isso deixo à crítica elaborada ( na maior parte dos casos não o é ) dos demais...
Com isto tudo me despeço e avisando desde já que vou ver o filme Casamento Debaixo de Chuva, da realizadora Mirna Nair. Mais um filme de gaja....

E que Deus e a Comissão de Inquisição e Censura tenha piedade de mim... Se não tiver... Há por aí tanta madeira, comecem já a atear a fogueira... Já sabem onde me encontar...

Saturday, August 14, 2004

Ontem estive a ler um texto da Clara Pinto Correia que, logo à partida me despertou um enorme interesse pelo seu título original... " A Dádiva do Toque ". Realmente o " toque " é uma dádiva importante. Quantas pessoas passam uma vida sem nunca sentirem um carinho de alguém, um beijinho como nos refere o texto, um abraço ou uma carícia de outra pessoa ? Não estou aqui para falar de sexualidade mas sim de afectos... Porque será tão estranho ou incómodo, ou ambos, para tanta gente o poder receber um afecto de outra pessoa ? E porque se sentirão tão incomodadas as pessoas de os receber ? Porque haverá a vergonha do ridículo ? O medo do gozo ? Será por demonstrar mais fragilidade ? Mais exposição face a terceiros ?
Na realidade qual é o verdadeiro problema em se ser tocado ? Em sentir um afecto ? Existe tanto preconceito ( palavra que lamento a quem leia isto, mas dá-me vómitos ) em relação a tanta coisa, agora também tem e haver preconceito em relação aos afectos ? Não posso eu gostar de ver uma amiga ou um amigo meu e cumprimentar a pessoa com um beijo ou um abraço ? O que será que deixa as pessoas tão incomodadas com as demonstrações de afecto, de carinho ou de proximidade e cumplicidade entre dois seres ? Acho que num pequeno texto nunca deixei tantas questões, mas de facto este é um assunto que me perturba ! Enfim.... não direi perturbar, mas de facto suscita-me curiosidade. Nasci e fui educado num meio familiar extremamente forte, onde desde pequeno tive o hábito ( se calhar estúpido ou estranho para muitos que leiam isto ) de cumprimentar os meus familiares com dois beijos quando os encontro e outros dois quando me despeço, e isto serve também para as minhas amizades mais próximas, porque há também uma cumplicidade maior com algumas pessoas fora do seio familiar. Agora pergunto eu, é assim tão fora do normal que tenha este hábito ? E se é, então qual os motivos ? Alguém mos explica ? É que sinceramente dava jeito ! Muito por acaso, porque gosto de ficar a par das novas tendências, mesmo que não as vá adoptar para o meu modo de vida ! A informação nunca ocupa lugar !
Aos que me são próximos dois beijos, aos outros um aperto de mão... sim, até mesmo àqueles que se repugnam com um cumprimento mais pessoal... Afinal de contas também são filhos de Deus.... ou de alguém.... sabe-se lá !

Friday, August 13, 2004

Iniciam-se hoje os Olímpicos de Atenas. Passados 108 anos desde a última edição das Olímpiadas modernas em Atenas, a capital grega é novamente palco do maior evento desportivo do Mundo. Além dos Jogos Olímpicos serem normalmente um evento de fraternidade e convívio entre os povos, estes são sem dúvida aqueles onde este convívio está mais em evidência. Desde os últimos em Sidney, muito mudou o Mundo... O 11 de Setembro, guerra no Afeganistão, guerra no Iraque, 11 de Março, e isto só destacando aqueles acontecimentos que se tornaram mais mediáticos. Todos os outros acontecimentos nada agradáveis continuam diariamente a suceder um atrás do outro, por isso.... Infelizmente digo, já nem os comento....
O mais curioso disto tudo é que sendo estes Jogos Olímpicos chamados os da "fraternidade entre os povos ", irão estar todos os ditos povos jutos no mesmo recinto... Americanos e Iraquianos... Israelitas judeus e Palestinianos, que julgo pela primeira vez participam nuns Jogos Olímpicos, e pergunto-me porque não se relacionam "bem" como nos Jogos dentro das suas portas ? Não seria preferível mostrar um pouca da "rivalidade" saudável em competição, e de fraternidade dentro dos seus respectivos territórios ?
Tenho pena que a minha voz não se escute para além deste blog, nem para além daqueles que julgo serem já os meus leitores... Não poderia prometer uma resolução e nada, mas poderia e posso... aliás PROMETO, que sim a tentaria fazer ouvir... Isso é um compromisso que assumo desde já, e garanto que a farei ouvir para uma minha tentativa, pequena no entanto, para estimular essa fraternidade... E para que esta palavra e nobre sentimento não seja levado em vão de 4 em 4 anos apenas quando alguém decide que deve ficar bem apenas para uma " fotografia "... Mas ainda BEM que existe esta oportunidade de " fotografia " porque assim além de vermos que é possível a existência e concretização de fraternidade, posso constatar que ela não existe apenas por caprichos e más vontades daqueles que a podem " fornecer ".

Um BOM percurso de 13 a 29 de Agosto de 2004 em Atenas, bom percurso aos melhores, e umas Olimpíadas em PAZ e SEGURANÇA para todos, para que Munique 72 não volte a acontecer, e daqui se possam retirar alguns " ensinamentos " para os próximos quatro anos.

Wednesday, August 04, 2004

Ao Exmo. Sr. Embaixador do Reino Unido

O meu nome é Paulo Peralta, sou um estudante de 24 anos do curso de Ciência Política, e quero futuramente seguir a carreira diplomática, tal como o senhor.
Apesar do motivo que me leva a escrever-lhe esta carta aberta não ser infelizmente o melhor, desde já lhe envio os meus mais cordiais cumprimentos, e espero muito sinceramente que esta carta lhe chegue às mãos, e que possa dispender de algum do seu tempo para a ler.
Como cidadão Europeu, e que acredita convictamente na possibilidade e na realidade que é o ideal de projecto europeu como uma nação ou território de ideais pela Liberdade e pelo respeito, e sendo eu um cidadão deste território, que abrange muitos milhões de cidadãos desde Portugal à Rússia, composto por uma diversidade linguística, cultural, histórica, religiosa e social, tento manter-me sempre alerta ou minimamente informado a respeito daquilo que por entre estas nossas "paredes" sempre abertas ocorre, bem como aquilo que ocorrendo fora delas nos pode ir também afectando ou influenciando.
Sentindo-me não superior mas sim consciente sobre as tristes e infelizes realidades que a cada dia vão assolando o nosso Mundo e a civilização de uma forma geral, posso assegurar-lhe que um dos factores mais contraditórios com que me deparei até hoje foram os terríveis acontecimentos que abalaram as cidades de Nova York e Washington no 11 de Setembro de 2001. Digo contraditório porque se por um lado foi um acontecimento que me abalou profundamente por forma a me sentir bastante "perdido" neste nosso perfeito, ou talvez não, Mundo, deu-me também uma vontade maior para poder seguir o meu desejo de poder enveredar pela carreira diplomática servindo assim como um veículo de comunicação entre grupos opostos como forma de incentivar o diálogo e assim servindo como a plataforma entre a sanidade e o indesejado caos.
Cerca de um ano depois, um ano que de todas as formas abalou a nossa vivência em todos os aspectos, em que todos nós aprendemos novamente como viver e como estar numa comunidade global que engloba tantas pessoas e tantas formas de estar na vida, deparo-me com algo que me deixou deveras preocupado com a nossa própria posição face ao problema do terrorismo. Foi com o maior espanto que, ao ligar a televisão para ver a única coisa a que ainda presto atenção, o noticiário, que deparo com uma reportagem sobre uma manifestação de apoio aos próprios ataques terroristas de 11 de Setembro em pleno solo da capital britânica, Londres. Se os acontecimentos de um ano antes me causaram uma consternação enorme, os desse ano provocaram-me um sentimento enorme de revolta e mal-estar.
É certo que vivemos num espaço onde se apregoam as liberdades individuais de cada um, as mesmas que defendo na sua totalidade, no entanto, toda a liberdade só é respeitada quando de acordo com o mesmo respeito pelas liberdades dos outros cidadãos. Se é real que todos nós temos o direito de exprimir a nossa opinião dizendo aquilo que pensamos, não é menos verdade que a liberdade conferida a um grupo de cidadãos para rejubilarem com a morte de milhares de outros é uma ofensa contra a minha moral e a minha liberdade de chorar pelas vidas que foram injusta e violentamente retiradas pelos selváticos actos cometidos por fanáticos que usam e abusam da violência em nome de causas sem fim ou fundamento, não se preocupando minimamente pelo respeito ou pela dignidade humana.
Existe quem defenda a ideia de que para criticarmos os outros precisamos em primeiro lugar de nos criticarmos a nós próprios. Como tal, e defendendo novamente a ideia de que habitamos todos o mesmo espaço, e de que somos detentores da mesma nacionalidade Europeia, aponto a permissão destas manifestações de apoio aos atentados terroristas como sendo o nosso erro. Fui criado e educado num seio em que sempre me foi transmitida a ideia de que se deve defender e respeitar um próximo, e ao mesmo tempo defender causas que acho dignas e banir as injustas. O Governo britânico, ao permitir manifestações em defesa de actos bárbaros contra a segurança de vidas humanas, agiu erradamente, e contra algo ainda de maior que é a moral.
Pergunto também, na qualidade de cidadão Ibérico, ao Sr. Embaixador, o que acha dos atentados terroristas do 11 de Março na cidade de Madrid ? Vai permitir que o seu governo e o seu país façam manifestações de apoio aos ataques que provocaram a morte de mais 200 cidadãos ? Ou vai chamar a atenção das suas autoridades e do seu governo ? Espero para bem da nossa identidade e da nossa moral que a segunda hipótese seja aquela que escolhe.
Acreditando piamente nos valores que unem os nossos povos, já não falando na longa tradição de unidade e amizade que ligam Portugal e o Reino Unido desde há muitos séculos, bem como sermos ambos membros de pleno direito da Europa, espero sinceramente não ter mais nenhum desgosto de ver tais manifestações que me fizeram ter vergonha de partilhar o mesmo espaço com o mesmo povo ao qual o meu está ligado por tantos laços à tantos séculos. Acredito convictamente que o Sr. Embaixador possa e VÁ fazer algo que pelo menos demonstre o repúdio por estes actos. A questão não é se terá resultados imediatos. A questão é que pelo menos a minha voz, bem como a de muitos outros, através da SUA seja finalmente escutada.
Mais uma vez agradeço-lhe profundamente o tempo que tomou ( espero ! ) a ler esta carta aberta e deixo-o com os meus mais cordiais e respeitosos cumprimentos.

Atenciosamente

Paulo Peralta