Mais uma sugestão dinematográfica, é este brilhante filme Venha Ver o Paraíso, de Alan Parker, realizador entre outros de Mississippi em Chamas, Evita e Expresso da Meia Noite. Venha Ver o Paraíso, é a história de um americano que se apaixona e casa com uma americana de origem japonesa contra a vontade do seu pai, japonês de nascimento, e durante um dos períodos mais conturbados da História Mundial, ou seja, a Segunda Grande Guerra. A história de Lily e Jack ( Tamlin Tomita e Dennis Quaid em brilhantes papéis ) complica-se quando o Japão ataca a base naval norte-americana de Pearl Harbor, fazendo assim com que as suas vidas sejam marcadas e tocadas pelos conflitos que a partir daí se avizinhavam.
As questões centrais para mim, é neste filme, não tanto o facto do ataque japonês aos Estados Unidos, mas sim, as medidas que este último tomou em relação à população nipónica que aí nasceu, nomeadamente internamento em campos, chamemos de campos de concentração sem qualquer tipo de complexo, deportações, e curioso também, a troca de cidadãos norte-americanos de origem nipónica, por soldados norte-americanos feitos prisioneiros no Japão.
Refiro isto porque acho curioso como hoje os governantes do país que fala no respeito dos Direitos Humanos ( sendo ainda um dos países que mais os viola ), escondam, ou pelo menos tenta escondem ou omitir o facto de ter segregado uma significativa parte da sua população, com base apenas e só em critérios rácicos e discriminatórios. Fala-sem em Direitos Humanos hoje em dia, com uma leveza e ligeireza preocupante, pois não se toma em conta a verdadeira acepção de "Direito Humano" ( o respeito pelo outro indivíduo, suas crenças políticas, religiosas, morais, educacionais, culturais e sexuais, bem como direitos e deveres ), mas encara-se este termo não como o Direito Humano, mas sim o MEU Direito Humano, não respeitando a vontade do outro, mas sim a MINHA.
Chego à conclusão que falar em Direitos Humanos nos nossos dias, ano 2005, século XXI, não se trata de falar na qualidade, respeito e dignificação dos Direitos Humanos do indíviduo na sua generalidade, mas sim na minha acepção pessoal daquilo que deve ser o Direito Humano do próximo. Um Direito Humano restritivo, limitado e coordenado pela minha vontade enquanto governante, e não no Direito Humano do cidadão enquanto indivíduo e no respeito da sua individualidade e escolha como opção de vida.
Se à 60 anos atrás era de reclamar e criticar que estes Direitos Inalienáveis, que o são, deviam ser respeitados e implementados numa educação consciente, algo que infelizmente não acontecia, hoje em dia deveria ser um dos princípios base de um sistema que se quer educativo, algo que infelizmente ainda não o é.
Para se criar uma sociedade mais equilibrada, com base no respeito e na livre opção de pensamento e de modo de vida, seria bom que este sistema educativo que hoje (des)ensina aqueles que nele andam, começasse por informar correctamente os mesmos, mostrando não UMA visão de uma questão, mas sim TODAS as opções que a ele se referem.
Para que um futuro seja equilibrado e estável, com base no respeito pelo próximo, há que em primeiro lugar estar receptivo para as diferenças individuais que enriquecem o nosso espaço, e nunca por nunca o empobrecem, como por vezes há quem o queira evidenciar. Essa recepção terá de ser cultivada tanto num ensino globalizador, e não restritivo e segregário, quer a nível de ensino escolar, como principalmente com base numa educação. Educação esta que se tem em primeiro lugar, no grupo primário a que todos pertencemos; uma família.
Abrir os olhos é fácil. Todos nós o fazemos diáriamente sem qualquer tipo de problema ou restrição, e fazêmo-lo sempre que sentimos luz a bater-nos pela manhã. Pena é que os olhos da alma não sejam da mesma forma receptivos à luz da educação e da cultura, para que se quebrem os velhos sintomas de discriminação que ainda ensombram a mente de muitos de nós.
É este o fundamento base que encontro em muitos, ou todos talvez, os filmes de Alan Parker. Uma tentativa de mostrar a mim espectador, o que está para além do "meu" mundo... O Mundo dos outros. Aquelas pequenas ( grandes ) diferenças que me mostram que "eu" não estou sózinho, mas que partilho o mesmo espaço com um vasto número de outros indivíduos como "eu", além de igualmente mostrar uma significativa e importante parte da História Mundial, através daquilo que infelizmente ainda nos ensombra, ou seja, a violação desses Direitos Humanos e os Crimes contra a Humanidade que são, diariamente, cometidos por todo o Mundo dito "Civilizado".
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