Wednesday, September 01, 2004

A hipócrisia e o falso moralismo estendem-se pelo nosso país a olhos vistos. Nos últimos anos, tem sido impressionante a quantidade de disparates que correm pelas bocas das pessoazinhas. Desde " tipas " que estão no governo e que dizem que " o catolicismo é a religião oficial de Portugal " até aos " tipos " que também estão no governo ( torna-se vicioso isto ) que afirmam ter sido " a Nossa Sra. de Fátima a desviar o crude do Prestige de Portugal ", sim o que é uma proeza não nos poluir a nós e ir poluir França ( o meu coração relaxa ), as bestialidades ( leia-se de besta e não de bestial como sendo fantástico ) surgem a ritmos alucinantes.
A mais recente é a sempre presente polémica do aborto, ou interrupção voluntária da gravidez, onde estamos ainda numa Nação ( ? ) que prefere julgar e punir os seus por medidas que, até o próprio Parlamento Europeu já recomendou tornarem-se legais. " Sim.... " - gritam eles - " queimem-nas, porque elas mataram o Zézinho ".... ora.... POUPEM-ME.... Vamos lá a ser honestos... Qual é a mulher neste santo Mundo, que vai abortar sem ter um devido e válido motivo ? Será que há algum atrasado que julga que uma mulher vai engravidar para ter o " prazer " ( ? ) de ir abortar ? Ou será que quem o faz, é apenas por ser o último recurso, e o único que tem disponível, mesmo correndo o risco de ser julgada e punida pela sociedade ? Aliás... sociedade não, antes pelos governantes de extrema-direita que além de manterem um governo de um país refém, conseguem ao mesmo tempo manter toda uma população bem como os seus direitos reféns de interesses falsos moralistas que só faziam sentido ( e será que faziam ? ) no tempo da " outra senhora " ?
A questão fundamental aqui, é a meu ver, o direito à escolha. É isso que eu comento sempre nas muito produtivas " conversas de café " que tenho. É esse um dos direitos fundamentais que, neste momento, está em falta para com aquelas que se debatem com este enorme problema. Uma interrupção de gravidez. Um aborto.
É o direito à escolha que deve ser facultado às pessoas. O direito de poderem optar por uma decisão, por um momento que, na sua vida é extremamente importante e decisivo.
Claro que além deste direito à escolha, seria deveras útil se o nosso governo e quem nele está a liderar, implementasse medidas de aconselhamento e planeamento familiar que pudessem de certa forma evitar que existissem um elevado números de interrupções de gravidez. No entanto, é sempre, SEMPRE, importante poder usufruir de um direito de escolha. É esse, segundo me parece, aquele factor que nos diferencia dos animais irracionais... E passando o exemplo religioso... não foi o livre arbítrio um dos " dons " que Deus nos deu para podermos decidir entre dois caminhos distintos ? Então como é que alguém nos pode retirar o livre arbítrio ? Não é isso uma medida contra uma vontade de Deus ?
Tendo na minha família um conjunto de mulheres que passaram por estes enormes " duelos ", e apesar d enão ter presenciado nunca os efeitos menos agradáveis a que infelizmente estiveram sujeitas, sei pelo que me contaram que sofreram, e sofreram bastante tanto com a dor psicológica que tiveram por ter tomado esta atitude, bem como a dor física provocado pelo péssimo acompanhamento que tiveram por parte de quem as tratou. Tive uma avó que teve toda uma vida de problemas de saúde, por ter sido constantemente negligenciada, e ter passado anos e anos fechada em casa devido aos problemas de saúde que NUNCA a largaram durante todo o resto da sua vida. Guardo na minha memória as suas lágrimas, os seus desabafos e as suas histórias que em muito marcaram a posição e a opinião que tenho hoje. Não só neste assunto como em muitos outros, e espero que a mentalidade deste povo, que ainda digo meu, mude rapidamente, não para todos concordarem com um mesmo caminho, mas pelo menos para que exista a hipótese de puderem optar por dois ou mais.
Escusado será dizer que apoio a iniciativa da organização Women on Waves, mais que não seja pelo despertar mediático que trazem ao nosso país, sobre este assunto que em pleno século XXI é ainda um assunto fechado. Um assunto tabu que muitos querem ver pelas costas. Pela coragem de enfrentarem a adversidade, tiro-lhes o meu " chapéu ".

Eu assinei:

Dear Paulo Peralta,

This email message is sent to you from PetitionOnline.com to confirm your signature as "Paulo Peralta" on the online petition: "Protesto contra a proibição da entrada em Portugal do barco
da Women on Waves"hosted on the web by our free online petition service, at:

http://www.PetitionOnline.com/19592c11/

Your signature on the petition is already complete, and there is no needto reply to this message. Your signature number for this petition is 1056.

1 comment:

Paulo Peralta said...

A mim o que me deixa mais preocupado acima de tudo é a falta de senso e senbilidade em permitir uma escolha às pessoas. Isso sim é que é o verdadeiro CRIME. Não critico as crenças ou as fés de ninguém, do mesmo modo que não quero ou permito que ofendam as minhas. Tem de haver uma escolha, ou o direito à mesma. E não será por quebrar, travar ou eliminar uma informação que se permite o direito à mesma. O problema não de Portugal, mas dos portugueses é pensarem pela cabeça dos outros, e envergonharem-se de um enorme e diverso património que têm, quer a nível cultural como psicológico, ou não tivessemos sido nós, o país dos Descobrimentos ( sim, porque não me convencem com essa do "Achamento" ), e ao negligenciar esse património, preferimos dar voz a outra pessoa para pensar por nós... Isso sim terá urgentemente de mudar, de forma a obtermos ou pelo menos tentar obter, uma sociedade mais progressista e avançada, deixando para tráz os anos de Inquisição, e mais tarde os anos de ditadura. Está na hora de EVOLUIR.

Abraços