Não sou católico praticante, temente e crente em "deus", nem tão pouco acredito em teorias de divindades e actos gloriosos e que devem ser temidos, unidos a uma mão superior e coordenadora de toda a actividade humana.
Dito isto, e quem me conhece sabe bem, acredito sim em pessoas. Homens e mulheres que aplicam um pouco de si numa prática pelo bem. Pelo seu próximo. Pelo seu semelhante. Por si próprios. Aplicarem aquilo que sabem e têm consciência que podem usar, numa tentativa de reconciliar, amar, ajudar, abraçar, rir, chorar, sofrer, acarinhar aquele que junte de si carece dessas mesmas acções e reacções.
Acredito no bem e no mal que eu, tu e os outros podemos fazer. Acredito nas escolhas que cada um de nós toma, e que vão constantemente influenciar todos aqueles que se encontram perto de nós. Acredito na escolha.
Afastando o catolicismo como inicialmente referi, falta-me então falar na característica humana que reconheço nas pessoas. Numa pessoa: João Paulo II... O Karol.
A sua dimensão humana passa aquilo que à partida está exposto às câmaras de televisão e demais comunicação social. Ultrapassa limites de muitos de nós, da maioria. A sua vida como resistente polaco à ocupação Nazi na sua mãe Polónia, país que foi dilacerado pelas loucuras e insanidades humanas. A sua consequente ocupação pelos mesmos bárbaros desta vez revestidos com a capa do Comunismo. Uma vida atribulada dedicada ao seu próximo.
A sua chegada ao Vaticano. O Papa vermelho.. o Papa comunista. Simplesmente não vêem o Homem. O Homem que contribuiu para a queda do Muro da Vergonha de Berlim. O Homem que contribuiu para a proximidade dos povos Europeus, afastados durante anos devido ao jugo ocidente / oriente. O Homem que apontou o dedo à insanidade Balcânica. Que apontou o dedo a W. Bush e à sua sede pelo poder descontrolado. Que apontou o dedo a todos nós pela nossa inércia face a problemas e conflitos que poderíamos também nós contribuir para resolver. Que a si próprio apontou o dedo, pelos enormes silêncios ao Holocausto, Inquisição e Esclavagismo.
Como todos os Homens, que o é, teve os seus defeitos, grandes. Mas como todos os Homens, não merece também ele o nosso perdão ? Não perdoamos a um amigo que nos ofendeu ? Não perdoamos a um pai que nos bateu ? Não perdoamos ao nosso filho pelo seu maior acto criminoso, porque afinal somos os seus pais ? Não perdoamos uma traição ? Não olhamos para o lado quando passamos por um mendigo ? Não mudamos de canal na TV quando vimos um massacre na Bósnia ? Em Timor ? Na Somália ? Não perdoamos quando o nosso melhor amigo fala mal do povo vizinho ?
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Perdoar !
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Aquilo que queremos para nós, e raramente, quase nunca, o fazemos para o outro; ter a capacidade de perdoar.
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Correndo o risco deste post receber o maior número de críticas, ou não, resta-me dizer que sinto o vazio, ME sinto vazio, por uma pessoa que admiro pelas suas intervenções, posições e ditos, pela sua capacidade e dimensão humana, se ter agora perdido.
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João Paulo II / Karol Wojtyla
18.Maio.1920 - 02.Abril.2005
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