E chegou o fantástico dia onde todos os portugueses são um pouco mais portugueses. Onde sabe bem ter a bandeira à janela, usar verde e vermelha nas decorações. Enfim, o dia de mostrar e exaltar o nosso sentimento patriota.
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Mas só hoje...
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Ontem, tal como amanhã, estaremos de novo deprimidos, sem vontade de acordar, sem ver um rumo para as vidinhas que apenas e só se afundam em mais miséria, descontentamento, dívidas, falta de dinheiro, falta de comer, falta de tudo o que é essencial ao perfeito funcionamento do dia a dia, e não só, porque não é apenas de pagar contas e comprar comer para a casa que um indivíduo vive.
Eu como muitos, passo por isso. É o viver de uma miséria social encoberta que mete nojo. Cada vez mais nojo. O exaltar de sentimentos que não tenho, de alegria por pertencer a este país da treta governado por governantes da treta que apenas e só têm como objectivo ir enchendo a sacola com mais uns galões a apresentar à família. Governantes prá malta...
Eu como muitos numa casa com pais desempregados, família obrigada a sair do seu lar para outro país que os recebeu e tratou como cidadãos de primeira, sinto-me neste bocado à beira mar plantado, como um cidadão de segunda categoria que apenas tem direito a sair à rua e respirar, enquanto não se lembrarem de pôr o ar pago, levando-me assim a suster a respiração até rebentar ( e que alegria que isso dava a alguns ).
Amorfos é como nos vejo... Todos os dias seguindo o carreirinho de formiga de olhos no chão, vergados e vendados num caminho seguido e repetido.. Seguido e repetido... Seguido e repetido...
Portugal, agradeço-te por me teres tratado até hoje como um cidadão de segunda categoria, sem direitos mas sempre com deveres, indiferente à tua vontade que apenas existe para com aqueles que te exploram.
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Feliz que seja este, o teu dia