Sunday, May 09, 2004

Maio 2004, um mês importante para a Europa... após a entrada de 10 novos países na União Europeia ( Chipre, Eslováquia, Eslovénia, Estónia, Hungria, Letónia, Lituânia, Malta, Polónia e República Checa ) no passado dia 1, tornando assim o espaço comum de 15 para 25 países, e pondo um final às velhas barreiras e divisões que os nossos países sentiram, quer através do último conflito Mundial, quer através da Cortina de Ferro que durante mais de 40 anos separou o Velho Continente em dois blocos. Estamos finalmente numa Europa, vulgo União Europeia, que do Atlântico até ao Leste Europeu se estende por vários países, por várias culturas, por várias religiões, por várias línguas e por vários povos. Será agora de esperar a aposta nisso mesmo ? No povo ? Pelo menos é aquilo que eu espero. Começar a ver a NOSSA dedicação àqueles que connosco partilham o mesmo espaço, o desaparecer de velhas indiferenças e ódios. Se existe algo que os nossos políticos nos vão "ensinando" é que estes ódios podem ser ultrapassados. Independentemente de para eles ser apenas para uma foto, muitas vezes sem significado, para nós deveria tê-lo e muito, e "olharmos" para os outros 450 milhões de pessoas, que a partir deste mês partilham este espaço connosco, como sendo o NOSSO POVO, e em vez de olharmos constantemente para outros lados, começarmos a olhar com mais atenção para aquele espaço onde nos situamos, e SEMPRE situámos, a velha Europa. Deixemo-nos de medos, deixemo-nos de hipocrisia e olhemos para a Europa como o nosso espaço, que pode ser desafiante, confuso por vezes, mas é o nosso espaço.
Finalmente neste dia que hoje passa, o 9 de Maio, não esqueçamos que é o Dia da Europa. O dia em que o nosso continente e o nosso povo se libertou da agressão que nos assolou entre 1939 e 1945. Um dia que devia ser celebrado e homenageado como sendo o da nossa libertação. Se bem que modesta aqui fica a minha homenagem a este grande dia e que ele se possa celebrar durante muitos mais anos em LIBERDADE.

Um excelente dia para todos

Peralta

Tuesday, May 04, 2004

Apesar das inúmeras brutalidades com que nos deparamos diariamente, por vezes surgem-nos coisas interessantes a registar e a guardar... Recebi este mail através do Henriqueta, e sem dúvida este é digno de ficar na História... Se este discurso teve, de facto, lugar, acho que é dos mais brilhantes algumas vez proferidos por alguém, e aqui partilho, esperando não ser o único a admirá-lo.

Abraços e beijinhos a quem os quiser

Peralta


" Discurso do Ministro Brasileiro da Educação nos EUA

Durante um debate numa universidade nos Estados Unidos, o ex-governador do Dfe, o actual Ministro da Educação Cristóvão Buarque, foi questionado sobre o que pensava da internacionalização da Amazônia. O jovem americano introduziu sua pergunta dizendo que esperava a resposta de um Humanista e não de um Brasileiro. Esta foi a resposta do Sr.Cristovão Buarque:

' De facto, como brasileiro eu simplesmente falaria contra a internacionalização da Amazônia. Por mais que os nossos governos não tenham o devido cuidado com esse patrimônio, ele é nosso.
Como humanista, sentindo o risco da degradação ambiental que sofre a Amazónia, posso imaginar a sua internacionalização, como também de tudo o mais que tem importância para a humanidade.
Se a Amazônia, sob uma ética humanista, deve ser internacionalizada, internacionalizemos também as reservas de petróleo do mundo inteiro...
O petróleo é tão importante para o bem-estar da humanidade quanto a Amazónia para o nosso futuro. Apesar disso, os donos das reservas sentem-se no direito de aumentar ou diminuir a extracção de petróleo e subir ou não o seu preço.
Da mesma forma, o capital financeiro dos países ricos deveria ser internacionalizado. Se a Amazónia é uma reserva para todos os seres humanos, ela não pode ser queimada pela vontade de um dono, ou de um país. Queimar a Amazónia é tão grave quanto o desemprego provocado pelas decisões arbitrárias dos especuladores globais. Não podemos deixar que as reservas financeiras sirvam para queimar países inteiros na volúpia da especulação.
Antes mesmo da Amazônia, eu gostaria de ver a internacionalização de todos os grandes museus do mundo. O Louvre não deve pertencer apenas a França.
Cada museu do mundo é guardião das mais belas peças produzidas pelo génio humano. Não se pode deixar esse patrimônio cultural, como o património natural Amazónico, seja manipulado e destruído pelo gosto de um proprietário ou de um país.
Não faz muito tempo, um milionário japonês, decidiu enterrar com ele, um quadro de um grande mestre. Antes disso, aquele quadro deveria ter sido internacionalizado.
Durante este encontro, as Nações Unidas estão realizando o Fórum do Milénio, mas alguns presidentes de países tiveram dificuldades em comparecer por constrangimentos na fronteira dos EUA. Por isso, eu acho que Nova York, como sede das Nações Unidas, deve ser internacionalizada. Pelo menos Manhatan deveria pertencer a toda a humanidade. Assim como Paris, Veneza, Roma, Londres, Rio de Janeiro, Brasília, Recife, cada cidade, com sua beleza específica, sua historia do mundo, deveria pertencer ao mundo inteiro.
Se os EUA querem internacionalizar a Amazónia, pelo risco de deixá-la nas mãos de brasileiros, internacionalizemos todos os arsenais nucleares dos EUA. Até porque eles já demonstraram que são capazes de usar essas armas, provocando uma destruição milhares de vezes maior do que as lamentáveis queimadas feitas nas florestas do Brasil.
Nos seus debates, os actuais candidatos à presidência dos EUA têm defendido a ideia de internacionalizar as reservas florestais do mundo em troca da dívida. Comecemos usando essa dívida para garantir que cada criança do Mundo tenha possibilidade de COMER e de ir à escola. Internacionalizemos as crianças tratando-as, todas elas, não importando o país onde nasceram, como património que merece cuidados do mundo inteiro.
Ainda mais do que merece a Amazónia. Quando os dirigentes tratarem as crianças pobres do mundo como um património da Humanidade, eles não deixarão que elas trabalhem quando deveriam estudar, que morram quando deveriam viver.
Como humanista, aceito defender a internacionalização do mundo. Mas, enquanto o mundo me tratar como brasileiro, lutarei para que a Amazónia seja nossa. Só nossa! '